Podcast Universidade do café Brasil -Uma nova forma de comunicar nossas pesquisas
Inovações na agricultura foi o tema da pesquisa desenvolvida em 2018 pela Universidade do Café/PENSA. Foram abordadas as inovações chamadas por nós de disruptivas, que são aquelas que causam sensíveis impactos e mudam a forma de produzir.
Na pesquisa citamos 5 direcionadores do futuro da cafeicultura. Por razões de espaço e tema, trataremos de 2 destes direcionadores neste Podcast:
a) o vetor tecnológico das agritechs na agricultura
b) conectividade no meio rural pós pandemia.
Começaremos com o Avanço das Agritechs na Agricultura
As agritechs representam uma categoria ampla de empresas cujo denominador comum é o oferecimento de novas tecnologias que impactam os modos tradicionais de produção.
Algumas tecnologias podem ser consideradas disruptivas. Utiliza-se o conceito de disruptivo em contraposição ao evolutivo, ou seja, aquelas tecnologias que provocam uma eventual ruptura com os padrões, modelos ou tecnologias já estabelecidas. Ou seja, fizemos uma reflexão sobre as influências que essas mudanças poderão causar na agricultura em geral e na cafeicultura em particular.
As nossas indagações são: como a introdução das inovações implicarão em transformações para o sistema agroindustrial do café? Qual o perfil dos produtores capazes de assimilar estas tecnologias? Como será o desafio da educação e da capacitação dos produtores frente a essas mudanças?
A pesquisa Radar Agtech 2020/21[1] mostrou o crescimento exponencial da quantidade de agritechs nos últimos anos. Foram identificadas 1.574 agtechs, o que representa quase 21 vezes o número identificado em 2016. Destas, 42% oferecem produtos ou serviços para o segmento dentro da porteira, sendo a principal categoria, sistemas de gestão de propriedade rural. Já o segmento pós-porteira concentra 46% das agtechs. Neste caso a principal categoria se refere a Alimentos inovadores e novas tendências alimentares.
Sobre os impactos esperados no Agronegócio do café a partir das tecnologias inovadoras, temos:
- A geração de dados em grandes quantidades que poderão ser transformados em informação para a produção.
- A otimização do uso de fertilizantes e de água a partir do conhecimento mais detalhado da propriedade.
- Precisão na previsão de produção e produtividade por talhão.
- Redução da dependência de bancos tradicionais após o início de serviços de análises financeiras e opções de crédito para o produtor oferecidos pelas start-ups.
- Maior poder de decisão dos cafeicultores sobre suas estratégias de venda.
- Ou seja, a melhoria da eficiência dos fatores de produção: terra, capital e trabalho como também da gestão financeira da empresa rural.
Também fora da porteira há avanços, pois alimentos inovadores e novas tendências alimentares podem impactar o mundo pós-pandemia com novas formas de se consumir, comprar e desfrutar o café trazendo pontos positivos para o Sistema como um todo.
Por exemplo, o conceito de mercearia on-line aproxima o produtor do consumidor final doméstico. Após a pandemia cresceu o conceito de barista doméstico, no qual consumidores adquirem equipamentos e preparam seus cafés de acordo com seu gosto. Esse fato se transmite, ao longo do sistema agroindustrial do café como um todo, impactando também os setores de produção e insumos.
Agora, falando sobre a conectividade no meio rural pós-pandemia
Uma pesquisa da Embrapa Informática, em parceria com o SEBRAE, intitulada “Agricultura Digital no Brasil. Tendências, desafios e oportunidades” mostra que dentre as tecnologias digitais utilizadas por produtores, em primeiro lugar estão aplicativos ou programas para obtenção ou divulgação de informações da propriedade e da produção; seguido por programas para a gestão da propriedade e em terceiro, serviços de GPS. 15,9% dos entrevistados não utilizam de nenhuma tecnologia digital no processo produtivo.
Nota-se, portanto, predominância do uso da internet para divulgação e obtenção de informações, enquanto que a tecnologia embarcada, sensores de campo, sistemas automatizados e robotizados ainda ficam com percentuais menores de uso.
Como principais dificuldades para acesso e uso das tecnologias estão:
– Problemas ou falta de conexão à internet;
-Falta de conhecimento para as tecnologias mais apropriadas;
-Falta de comprovação dos benefícios econômicos.
– O custo das tecnologias e dos prestadores de serviços.
Como Conclusões, temos que o desenvolvimento tecnológico tem ocorrido de modo rápido possibilitando inúmeros avanços, desde que os produtores conheçam as tecnologias e saibam o que é e como é oferecido. Há um potencial muito positivo para o apoio tanto ao produtor como aos demais agentes ao longo de todo o sistema agroindustrial, mas as principais funções para as quais a tecnologia é utilizada ainda estão longe de ter uma boa representatividade nos itens tecnológicos.
Para concluir referimo-nos à pesquisa da Universidade do Café Brasil/PENSA “A nova assistência Técnica agrícola”[2] que explicita o porquê da necessidade de se manter e ampliar a assistência técnica e extensão rural, principalmente pública, para dar o suporte necessário aos produtores sejam eles grandes, médios ou familiares, principalmente nas questões da agricultura 4.0 e 5.0 sem desprezar os temas ainda básicos na agricultura.
A pesquisa “Tecnologias disruptivas e o café” foi publicada no Volume 9 dos Cadernos da Universidade do Café, disponível para download em: http://universidadedocafe.com/publicacoes/cadernos-universidade-do-cafe-vol-9-2019/
[1] FIGUEIREDO, Shalon Silva Souza; JARDIM, Francisco; SAKUDA, Luiz Ojima (Coods.) Relatório do Radar Agtech Brasil 2020/2021: Mapeamento das Startups do Setor Agro Brasileiro. Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens: Brasília, 2021. Disponível em: www.radaragtech.com.br>. Acesso em 28 de Agosto de 2021
[2] Disponível em: http://universidadedocafe.com/publicacoes/cadernos-universidade-do-cafe-vol-10-2020/